A Cynthia é mais uma amiga nossa, da blogosfera que está a passar extremas dificuldades:
Mas a Cynthia é uma querida de coração e mesmo assim (com todas as dificuldades que está a passar!) quis ofertar uma peça dela para um leilão solidário-flash que foi o nº5.
A semana passada ela colocou o orgulho de parte e escreveu-me um longo email de pedido de ajuda e de desabafo que eu vos passo a transcrever as partes que considero, mais importantes:
"E eu preciso de ajuda, preciso de desabafar.
Duas coisas que raramente faço, porque sou orgulhosa e ainda mais reservada.
É raro admitir que preciso de ajuda e ainda mais raro falar a alguém dos meus problemas...
As finanças por aqui não estão famosas e eu agradeço todos os trocos que conseguir arranjar. Sou revendedora da Avon, mas é óbvio que isso me dá um lucro mínimo e, na maior parte das vezes, uso-o para comprar produtos de higiene, como desodorizantes, gel de banho, champôs para casa. Engravidei há 5 anos, na mesma altura em que fiquei sem trabalho. Desde aí, tive um part time num callcenter durante uns meses, acabou. Passei imenso tempo desempregada até trabalhar dois meses como ama/empregada. Acabou e depois disso mais 4 meses num callcenter. E agora estou novamente desempregada, há já um ano.
Não tenho subsídios nenhuns, vivo com os meus pais, o meu filho e a minha irmã. São os meus pais a trabalhar para sustentar 5...
Empréstimos para pagar, contas e mais contas... eu e o pai do meu filho estamos separados já desde que eu engravidei. Damo-nos bem e ele sempre deu uma pensão de alimentos. Emigrou há dois anos e tem conseguido ajudar. O dinheiro que ele manda vai em parte para a creche do meu filho. Ele adora estar lá, faz-lhe muito bem e parte-me o coração, mas já tive que reduzir as horas que ele lá estava. Só fica a manhã, o resto do dia está comigo, porque me reduzem assim a mensalidade. Mas há dois meses, o pai dele ficou sem trabalho. Ainda conseguiu mandar as últimas mensalidades, mas agora é possível que deixe de conseguir. Não queria nada tirá-lo do infantário, que ele adora e custa-me imenso. E o resto que servia para dar aos meus pais como contributo, também finito. Tenho muitos planos que não verei concretizar-se tão cedo, como tirar cursos que me interessam imenso, investir na minha formação, no meu futuro, casar, ir viver com o meu namorado, ter a minha independência. Nada disso irá acontecer enquanto não arranjar trabalho. Envio imensos CVs, esforço-me imenso e não vejo resultados. E isso desmoraliza. Muito!...
A minha relação com os meus pais não é má, mas... Os meus pais estão numa altura em que querem paz, as filhas jã são crescidas e têm que lidar com uma criança e as suas birras. A minha mãe tem problemas de tensão, toma comprimidos, não se pode enervar muito e isso é impossível com ele cá por casa. E o meu filho não é um miúdo fácil, de todo. Faz muitas birras, é difícil de levar, enfim. Há uma série de factores no comportamento dele que indicam que tem que ser avaliado por um psicólogo. O pai dele concorda, o meu namorado também. E isto foi-me aconselhado por um pedopsicólogo a quem pedi conselho à distância. E eu não tenho como pagar acompanhamento psicológico para ele. Agora tem estado adoentado, coisa que ultimamente é frequente (o que significa compra de medicamentos) e fui com ele ao hospital (já há algum tempo que deixei de poder pagar pelas consultas pelo pediatra dele)...
O meu namorado ajuda como pode e quando pode, mas é muito difícil para ele também ajudar-me. Ele vive com os pais e os dois irmãos e na casa do lado (cujas despesas são todas a meias), a tia, o tio e o primo. A mãe e ele trabalham e o tio recebe uma pensão por invalidez. É muito pouco para tudo, ele literalmente recebe, paga contas e no segundo ou terceiro dia do mês já não tem dinheiro...
Felizmente, ao meu filho, roupa não lhe falta porque temos uma família grande e a roupa passa de uns para outros. Já eu... tenho pouca roupa e quando alguma se estraga, é sempre um problema para mim, porque não tenho dinheiro para comprar mais.
Coso e volto a coser e tento que dure até já não dar mais mesmo. Preciso de ajuda, preciso de sugestões, preciso de mudar qualquer coisa antes que volte a ter um esgotamento e não me posso deixar voltar a isso."
... Não recebo rendimento mínimo. Quando na segurança social me tentei informar e pedir alguma coisa, até mesmo por ser mãe solteira, informaram-me muito arrogantemente que tinha que viver sozinha com o meu filho para ter direito ao que quer que fosse. Gostava eu de entender como é que podia viver sozinha com ele sem trabalho... e porque é que preciso disso!!! Se estou a pedir, é porque obviamente não tenho."
E nós vamos ajudar esta mãe!