"Só entram quatro hóspedes de cada vez na Portuguez Inn. Dizer que é a mais pequena do mundo é um bom truque de marketing mas sublinhe-se que, lá dentro, cabe toda a história da cidade.
Adriano Miranda
Dificilmente passa despercebida. A casa é pequena e tem uma fachada peculiar. Se a isso juntarmos a cor-de-salmão em que está pintada, percebe-se por que chama a atenção de quem passa numa das ruas mais movimentadas do centro de Braga... Perguntar-se-á como, se a casa tem apenas dois andares. É a pensão mais pequena do mundo... e lá dentro só cabem quatro hóspedes.
Chama-se Portuguez Inn esta nova unidade hoteleira bracarense (inaugurada, precisamente, a 12.12.12, aproveitando a "data especial"), localizada na rua Frei Caetano Brandão, a poucos metros da praça que se abre frente à Sé...
Na prática, o que o cliente paga é a casa, onde encontra um quarto de casal e uma sala de estar em que o sofá se transforma numa cama confortável para mais duas pessoas. Assim, a lotação máxima da Portuguez Inn é de quatro hóspedes. "Necessariamente têm que ser pessoas que se conhecem", precisa Gonçalo Rocha.
Adriano Miranda
A casa fica por conta do cliente, que receberá a visita diária de um funcionário pela manhã, que entrega um cesto de piquenique com o pequeno almoço e fará também os serviços de limpeza...
Vê-se logo que é de Braga
Ao alojamento, a Portuguez Inn alia outros serviços, como massagens e visitas turísticas guiadas pela cidade e a região. A casa que acolhe a pensão está ainda equipada com uma sala de leitura, uma sala de refeição, uma cozinha e uma zona de arrumos, todos decorados e equipados por marcas e produtos nacionais. Essa é, de resto, uma das particularidades desta pensão, que se associou a uma série de marcas locais, regionais e nacionais. A biblioteca, por exemplo, foi oferecida pela livraria bracarense Centésima Página e várias lojas das redondezas como o Mercado da Saudade ou a loja de guitarras APC.
Adriano Miranda
Talheres, utensílios de cozinha e electrodomésticos, por exemplo, também são "made in Portugal" e até há uma televisão dos anos 1970 fabricada pela Grundig, no tempo em que a marca de origem alemã era uma das grandes forças motrizes da economia de Braga. "Só o ecrã plasma não é português, porque cá já não se fabricam televisões", graceja Miguel...
Adriano Miranda
E era difícil que a Portuguez Inn mostrasse tão nitidamente que é de Braga. A pensão ocupa uma casa onde cabe quase toda a história da cidade. As quatro épocas mais importantes da história da urbe cruzam-se aqui. No piso inferior da casa ainda se encontra uma cloaca romana, que se estima ser do século I, e que os proprietários querem tornar peça de museu. Esta infra-estrutura está bem preservada e fazia parte de uma das principais redes de drenagem de água de Bracara Augusta, que corria junto à via romana Cardus Maximus.
Sobre a estrada romana foi construída, na Idade Média, a chamada Rua Verde. A casa desta pensão é a única sobrevivente dessa via medieval. O edifício tem génese no século XVIII e dessa época preserva ainda na fachada a inscrição IHS. O piso superior terá sido construído no século XVIII. Pelo menos surge assim referenciado no primeiro mapa das ruas de Braga, de 1750, época gloriosa da história da cidade, com a construção massiva de edifícios barrocos e rococó que ainda hoje marcam a paisagem urbana. E esta pode ser uma forma diferente de a pensão dar a conhecer a cidade. Miguel Rocha explica: "Quando as pessoas aqui entrarem, serão atraídas pelos elementos históricos que aqui encontram. E isso fará com que tenham vontade de conhecer mais sobre a cidade, os seus museus e até as lojas."
Daqui.